Por Laura Huang, via HBR
Diante da enorme quantidade de informações, riscos crescentes e incertezas, além da enorme pressão para tomar a decisão certa, existem sinais debilitantes que atrasam a nossa tomada de decisão. Postergamos a decisão em vez de tomá-la. A confiança na intuição faz com que os líderes se sintam mais à vontade para seguir em frente.
Por exemplo, ao longo de quatro estudos, observei centenas de investidores-anjos e capitalistas de risco à medida que pensavam nas decisões acerca da alocação de capital, monitorando até que ponto levavam em consideração os dados econômicos, financeiros, e os números, e até que ponto podiam confiar nos sinais e dicas baseadas nas informações intuitivas “não codificadas”. Com base nas informações objetivas e mensuráveis, como demonstrações financeiras e informações de mercado, quase todas essas aventuras de empreendedorismo seriam consideradas investimentos de risco que deveriam ser evitados. Ainda assim, investidores geralmente decidem arriscar e confiam na sua intuição para tal.
Aqueles que tomaram decisões acertadas com base na intuição, normalmente fazem o seguinte:
- Reconhecem que a sua intuição não é uma informação isolada, mas que conta com informações subjetivas e objetivas já disponíveis.
- Sabem que a intuição não é rápida, impulsiva e emocional – na verdade, é algo muito mais cultivado e sutil, fundamentado em experiência.
- Comprometem-se a cultivá-la continuamente, prestando atenção aos exemplares, protótipos, estilos e modelos no seu ramo de atuação e conectando aquilo que aprenderam a decisões futuras.
Antes de decidir confiar na sua intuição, é importante fazer duas coisas:
Primeiro, reconheça o tipo de problema à mão. Que tipo de decisão você precisa tomar? Qual é o nível de “desconhecimento”? Guarde a sua intuição para essas decisões que vão além da rotina, quando análises de probabilidades e riscos não são somente irrealistas, como também inviáveis. Provavelmente você fará pesquisas sobre os produtos do mercado e a concorrência, mas a sua análise não vai garantir que as pessoas comprarão seu produto. Se há dados e análises disponíveis e passíveis de uso, confie nelas. Caso você consiga calcular a probabilidade do resultado com uma confiança razoável, não faça uso de sua intuição.
Em segundo lugar, identifique de maneira clara o contexto no qual você tomará a decisão. Se você trabalha num ambiente onde a maneira de pensar e esquemas vencedores já foram desenvolvidos e comprovados – de modo a serem reutilizados sob um novo contexto – concentre-se na metodologia e na execução. Se, por outro lado, você procura tomar uma decisão do tipo diamante bruto para se destacar dentre os outros que tomaram uma decisão similar (pense em tentar prever a próxima startup unicórnio), a intuição pode ser de grande utilidade.
Uma vez que você decidiu confiar na sua intuição para tomar uma decisão de alto risco e alto impacto, não tente explicá-la ou justificar para os outros como você chegou a ela. Se você lançar mão da lógica e de dados para a sua intuição, a probabilidade de você adiar ou tomar uma decisão pior é grande.
Lembre-se de que há coisas que não podem ser quantificadas e, às vezes, é preciso usar a intuição para fazer algo diferente do que os dados instruíram a fazer. Quando esse for o caso, sua intuição pode lhe ajudar a tomar uma decisão de coragem.
Laura Huang é professora adjunta de administração de empresas na Harvard Business School. É autora do livro “Edge: turning adversity into advantage”.